O valor médio dos combustíveis à venda em Cabo Verde aumentou hoje mais de 25%, sobretudo devido ao “descongelamento de preços dos combustíveis utilizados na produção de eletricidade”, segundo a Agência Reguladora Multissetorial da Economia (ARME).

Em comunicado, a ARME refere que a atualização dos preços máximos dos combustíveis em Cabo Verde — que é feita todos os meses — já não leva em conta, contrariamente ao que aconteceu em abril, maio e junho, a suspensão temporária do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, decidida pelo Governo face à crise económica provocada pela guerra na Ucrânia.

“Terminado o período de vigência da medida de suspensão adotada (…) torna-se necessário retomar a aplicação do mecanismo de fixação de preços dos combustíveis, previsto no Decreto-Lei n.º 19/2009, de 22 de junho”, esclarece a ARME, no comunicado.

Assim, de acordo com a nova tabela de preços máximos, que vai vigorar até 31 de julho, o litro de gasóleo normal passou hoje a ser vendido em Cabo Verde a 181,30 escudos (1,65 euros), um aumento de 18,19%, o de gasolina a 189 escudos (1,73 euros), uma descida de 0,9%, o de petróleo a 202,70 escudos (1,85 euros), um aumento acima de 50%, e o de gasóleo marinha a 152,40 escudos (1,39 euros), mais 31,7%.

Já o gasóleo para eletricidade — as centrais a combustíveis fósseis garantem quase 80% da eletricidade produzida no arquipélago – aumentou 53,3%, para 180,30 escudos (1,65 euros) por litro, enquanto o gás butano baixou 5,25%, passando a ser vendido entre os 478 escudos e os 9.232 escudos (4,4 a 84,2 euros), para as garrafas de três a 55 quilogramas.

“O somatório de todos estes valores, corresponde a um acréscimo médio dos preços dos combustíveis de 25,79%, resultante, sobretudo, do descongelamento de preços dos combustíveis utilizados na produção de eletricidade”, lê-se ainda no comunicado da ARME.

O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19.

Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.

Por: Lusa