Covid-19: Economia do Brasil cai 9,7% no segundo trimestre

432

A economia do Brasil caiu 9,7% no segundo trimestre do ano afetada pelas medidas de isolamento social e paralisações das atividades económicas no país, medidas adotadas com mais intensidade entre abril e junho para conter a covid-19.

Segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação a igual período de 2019, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 11,4%.

Ambas as taxas foram as quedas mais intensas da série histórica do órgão que faz as estatísticas do Governo brasileiro, iniciada em 1996.

“Estes resultados referem-se ao auge do isolamento social, quando diversas atividades económicas foram parcial ou totalmente paralisadas para enfrentamento da pandemia”, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

No primeiro semestre do ano, a economia do Brasil acumulou queda de 5,9%. No acumulado dos quatro trimestres terminados em junho, houve queda de 2,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

O PIB brasileiro voltou ao mesmo patamar do final de 2009, auge dos impactos da crise global provocada pela onda de quebras na economia norte-americana.

Em valores correntes, as riquezas geradas no maior país da América do Sul totalizaram 1,653 biliões de reais (cerca de 250 mil milhões de euros na cotação de hoje).

Os dados divulgados pelo IBGE mostram que a retração da economia brasileira foi provocada por quedas históricas de 12,3% no setor da indústria e de 9,7% no setor de serviços. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB do país.

Já a agropecuária cresceu 0,4%, puxada, principalmente, pela produção de soja e café.

Os dados indicam que o resultado também foi provocado pela queda no consumo das famílias (12,5%), índice que representa a maior baixa registada na série histórica do IBGE.

O consumo das famílias representa 65% do PIB brasileiro.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do Governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, avaliou a coordenadora do IBGE.

Já o consumo do Governo brasileiro recuou 8,8% no segundo trimestre.

Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) também recuaram 15,4%, devido à queda na construção civil e na produção interna de bens de capital. Somente a importação de bens de capital cresceu neste período.

“A queda é justificada pelos resultados negativos registados tanto na produção interna de bens de capital quanto na construção”, justificou o IBGE no relatório sobre o PIB no segundo trimestre do ano.

No setor externo, as exportações do Brasil cresceram 0,5%, enquanto as importações recuaram 14,9% entre abril e junho de 2020.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 3,9 milhões de casos e 121.381 óbitos), depois dos Estados Unidos.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já provocou pelo menos 851.071 mortos e infetou mais de 25,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Por: Lusa