O escritor Germano Almeida disse hoje que o grande problema do parlamento cabo-verdiano não é a briga entre dois deputados, mas sim as ofensas e injúrias constantes, considerando, por isso, que os deputados precisam de auto-vigilância.
Germano Almeida comentava à agência Lusa o incidente de há duas semanas, em que os deputados Emanuel Barbosa, do Movimento para a Democracia (MpD), no poder, e Moisés Borges, do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), na oposição, se envolveram em confrontos, na Assembleia Nacional, na cidade da Praia.
O incidente aconteceu antes do início dos trabalhos de uma comissão, na qual estava prevista a audição do ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares, que, entretanto, foi suspensa.
A briga já motivou reações dos vários quadrantes políticos, com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, a pedir responsabilização, enquanto o presidente da Assembleia, Jorge Santos, apelou a serenidade e repudiou “todo e qualquer ato” de violência envolvendo os deputados.
O MpD propõe a destituição do deputado Moisés Borges de todos as suas funções, por considerar que ele é culpado pela briga, enquanto o PAICV entendeu que não se pode tomar nenhuma versão como a definitiva e que devem ser as instituições judiciais a decidir quem tem razão.
Instado a comentar o incidente, Germano Almeida sublinhou que foi protagonizado por dois deputados jovens, mas que não estraga “de forma nenhum” o parlamento.
O escritor, que também já foi deputado em Cabo Verde, entendeu que o assunto está a ser levado “demasiadamente a sério”, referindo-se ao facto de o MpD querer destituir Moisés Borges.
Por isso, disse que não faz sentido pedir a destituição do deputado do PAICV.
“De forma nenhuma. Seria atribuir demasiada importância a um ato menor, pequeno”, reforçou.
“O grande problema do parlamento não é este pequeno episódio de dois socos, é o nível de ofensa e de injúrias. Todo o mundo acha bem porque são palavras, a partir do momento em se parte para um pequeno soco já é um Deus nos acuda”, salientou.
Para Germano Almeida, não se deve aproveitar este caso para perseguir um deputado. “Acho extremamente incorreto e exagerado”.
O caso já está a ser investigado pelas autoridades policiais cabo-verdianas, e os dois deputados estiveram presentes na semana passada na última sessão plenária da Assembleia Nacional.
Por: Lusa