José Maria Neves: Agenda de Transformação continua a ser implementada, mas com outros nomes

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O ex-primeiro-ministro, José Maria Neves, afirmou nesta quarta-feira em São Vicente que a Agenda de Transformação, criada nos 15 anos de governação do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), continua a ser implementada mas, com outros nomes.

José Maria Neves falava durante uma conversa, sob o lema “Cabo Verde 1990/2020 – Desafios e Perspectivas”, com os alunos da Escola Secundária José Augusto Pinto, realizado pelo Núcleo das Ciências Humanas daquela escola.

Esta afirmação do ex-primeiro-ministro surgiu em resposta à uma pergunta de um aluno daquela instituição que o pediu para fazer uma análise dos seus 15 anos de governação, após ter partilhado com os alunos factos sobre o seu início e percurso na política.

Segundo José Maria Neves, “transformar estruturalmente um país não é uma tarefa de 10, 20 ou 30 anos”, mas “é uma tarefa de uma geração que leva tempo”.

Mas, destacou que o mais importante é que “os grandes eixos de transformação” foram definidos durante os seus 15 anos de governação é esta visão e estratégia é que estão a ser implementadas agora.

“Cluster do Mar é Zona Económica Especial, a feira de artesanato Fonartes virou URDI e Cabo Verde Investimento virou Cabo Verde Trade Invest. Mas, se repararmos, com uma outra narrativa discursiva, basicamente de uma forma ou de outra, está-se a implementar esta matéria,” afirmou.

Instado pelos alunos a identificar os desafios que se colocam aos jovens cabo-verdianos actualmente, o presidente da Fundação José Maria Neves para a Governança, garantiu que, durante os quase 45 anos da independência, os jovens “passaram a ter muito mais oportunidades”, por exemplo a nível da educação, porque “há menos assimetrias”.

No entanto, considerou que o primeiro desafio tem a ver com a qualidade do ensino no básico no secundário e na universidade. Isto porque, em pleno Séc XXI está-se a formar para a primeira metade do Séc XX, sustentou.

“Acho que deve ser uma aposta forte do Ministério da Educação e dos servidores, pensarmos seriamente a questão da qualidade do ensino em Cabo Verde,” sugeriu o professor universitário que elencou ainda o emprego como outro desafio.

“Há muita gente deslumbrada mas, que não tem noção dos desafios que é governar um pequeno estado insular”, criticou a mesma fonte lembrando que Cabo Verde tem “grandes desafios” para a mudança estrutural da sua economia, tendo em conta os “problemas como a escassez de água, a desertificação, a escassez de recursos, os custos “elevadíssimos da infra-estruturação e a dependência dos donativos e das ajudas orçamentais”.

Conforme José Maria Neves, há sectores que estão a “pressionar fortemente” o orçamento casos, da saúde, da educação e da segurança pelo que, numa realidade económica “tão pequena como Cabo Verde deve-se ser suficientemente inovador para criar alternativas para os jovens cabo-verdianos”.

Por: Inforpress