Primeiro-ministro garante que empresário em São Vicente acusado de lavagem de capital será investigado se for o caso

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O primeiro-ministro garantiu ontem, que se for o caso, será investigado o italiano empresário em São Vicente, indiciado no escândalo de contas secretas em offshore da Suíça, SuissLeaks, com mais de 2,5 milhões de documento.

Ulisses Correia e Silva reagiu assim, quando instado sobre o caso pelos jornalistas, na Cidade da Praia, à margem da cerimónia de abertura do I Congresso Internacional de Economia Cabo-verdiana, iniciado ontem sob o tema “20 anos de Acordo de Cooperação Cambial (1998-2018)” e promovido pelo Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais (ISCJS).

“Se for caso de polícia, será para as entidades policiais, se for caso de violação de regras financeira, também será devidamente investigado. Mas eu não quero associar Cabo Verde a este tipo de operações. São casos que as vezes acontecem, mas que os protagonistas são devidamente responsabilizados”, afirmou.

O primeiro-ministro garantiu, ainda, que “Cabo Verde não é um paraíso fiscal nem um centro de offshore, e não o avalisa”, mas que combate qualquer operação de branqueamento de capitais e operações ilícitas financeiras, sublinhando que um empresário indiciado “não quer dizer que é o país”, mas que “haverá depois as devidas consequências”.

O nome de Cabo Verde apareceu em um dos mais de 2,5 milhões de documento do caso SuissLeaks, através do italiano Gilberto Pacchiotti, sócio-gerente e dono da “Cabo Verde Importe, Lda”, empresa importadora de géneros alimentícios, situada em Madeiralzinho, São Vicente, e apontado como suspeito de lavagem de capitais.

Os documentos mostraram que a empresa “Cabo Verde Importe, Lda” foi criada com um capital social inicial de 8 milhões de escudos, sendo que 95 por cento pertencem a Gilberto Pacchiotti e os outros 5% a Benjamim “Djimi” do Livramento Rodrigues, residente em Ribeira Bote.

O SuissLeaks apontou o empresário como responsável que fez com que Cabo Verde aparecesse na origem dos mais de 2 milhões de dólares (mais de 165 milhões de escudos), numa conta offshore, quando até ao momento não é conhecida actividade no país que justifique tal montante numa conta offshore, ficando a pergunta sobre de onde vem tanto dinheiro.

O empresário, de acordo com documentos da SuissLeaks, criou a conta, mediante a apresentação do seu passaporte italiano, no banco suíço HSB Private Bank, referenciado a nível mundial por permitir a abertura de contas a pessoas ligadas a actividades ilícitas nos mais variados países do mundo.

A essa conta viria a dar, segundo os mesmos documentos da SuissLeaks, o nome de “Cap-Cabras”, fornecendo ainda informações que permitiriam a sua localização e contacto permanente com a conta através de Cabo Verde, nos termos: ‘MR Gilberto Pacchiotti PO BOX 512 CV – Sao Vicent Rep of Cape Verde’.

A imprensa internacional tem referido que Pacchiotti, de 77 anos e a viver na cidade do Mindelo há 25 anos, “não paga impostos, declara o que lhe apetece, altera o nome da empresa, troca de nacionalidade e de passaporte sem respeitar as leis e instituições da República”.

Para além da empresa, o italiano é proprietário de imóveis na mesma ilha, sendo um prédio de quatro pisos em Madeiralzinho, onde está instalada a sede da “Cabo Verde Importe, Lda”, e um duplex na zona piscatória de São Pedro.

Por: Inforpress